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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O drama do Baependy


Navio Baependy, torpedeado na noite de 15 de agosto de 1942
"São 19h12min, e o Baependy segue para o norte a todo vapor. Os médicos Zamir de Oliveira e Viterbo Storry, recém-nomeados para o Serviço Nacional da Peste, em Pernambuco, conversam com os passageiros Paulo Cezar de Paiva e Renato de Amorim Garcia. O quarteto, que acabou de jantar de graça, em uma cortesia do imediato Antônio Diogo de Queiroz, assiste agora à apresentação do trio de músicos, que executa Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Zamir observa atentamente e elogia a performance do baterista Higino Severino Pessoa.
Após refazer os cálculos, o comandante do U-507 ordena o uso do torpedo do tubo 1. De passagem, após jantar no salão, o comandante do Baependy, João Soares da Silva, cumprimenta o chefe de máquinas Adolfo Kern e um funcionário do Lloyd Brasileiro, que conversam do lado de fora da sala de música, no tombadilho. Segundos depois, um estrondo sacode a embarcação. Madeiras e vidros estraçalham-se de uma só vez. Estilhaços voam para todos os lados, atingindo rostos, braços e pernas de quem está pela frente. De forma abrupta, as máquinas param de funcionar. No convés, o clima festivo se esvai em um segundo. No porão, as camas-beliches desmantelam-se e amontoam-se umas sobre as outras. Em segundos, os soldados e os demais passageiros já estão com a água pela cintura. Imóveis, todos tentam entender o que aconteceu. Surpreso, imaginando algum problema grave na casa de máquinas, o comandante volta-se para Adolfo:
– Chefe, o que foi isso?
– Fomos torpedeados. Fora de dúvida, isso foi um torpedo – responde o primeiro maquinista, convicto em função do cheiro de pólvora no ar. – Mande arriar as baleeiras!
O capitão do Exército Lauro Moutinho dos Reis, que também fará parte do Grupo de Artilharia de Dorso, é um dos primeiros a imaginar a possibilidade de o navio ter sido atacado por um submarino. Parado no vestíbulo, local para onde confluem as escadas do deque superior e dos camarotes, no andar de baixo, ele apanha o salva-vidas e sai correndo para tentar se salvar. Por ali, mulheres e crianças, ainda atônitas e inertes, esperam por alguém que lhes diga o que fazer. Outras pessoas correm desesperadamente, sem saber aonde ir. A água invade as caldeiras. O Baependy começa a adernar. Em poucos segundos, só é possível locomover-se agarrado às paredes do navio."
(TRECHO DO LIVRO "U-507")