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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Delírio e sofrimento

Tenente Oswaldo Machado, vítima do torpedeamento do Araraquara

"Por volta das 2 horas da manhã, cerca de 29 horas após o naufrágio do Araraquara, um marinheiro que vaga no mar parece perturbado. Depois de pedir comida, o moço de convés Esmerino Elias Siqueira diz ter ouvido soar a campainha para o café.
– Quero café com pão! Por favor, dê-me pelo menos um pão com farinha.
– Tente dormir – pede o piloto Milton Fernandes da Silva, passando a mão molhada de água salgada sobre a cabeça do moço de convés.
Em seguida, Esmerino tenta sufocar o tenente Oswaldo Machado, que está desacordado, mas é contido por Milton e Erothildes Bruno de Barros. Mais alguns minutos e Esmerino, enfim, salta ao mar, surpreendendo o trio, que apenas observa, sem poder evitar o seu desaparecimento:
– Já que não quer me dar comida, vou-me embora – diz o marujo, antes de sumir nas águas.
Cerca de uma hora depois, o militar do Exército também começa a delirar, perguntando pelos colegas mortos no naufrágio:
– Onde está Nélson?
Para testar o estado mental do tenente, o ex-piloto do Araraquara e agora condutor da tolda de quatro metros quadrados pergunta qual é o seu nome. A resposta correta, “Oswaldo”, deixa Milton tranquilo, mas por pouco tempo. O militar, repentinamente, joga-se ao mar. Com cuidado para manter o equilíbrio nas tábuas que ainda restam no salva-vidas improvisado, os marinheiros agarram Oswaldo pelas botas, puxando-o novamente para bordo.
– Acalme-se – aconselha Milton. – Já perdemos um companheiro. Descanse. Tudo vai terminar bem.
Oswaldo ignora o pedido e, de repente, ergue-se, agressivo:
– Vocês estão é embriagados. E sabem o que mais? Vou para casa! – diz o tenente, jogando-se ao mar pela segunda vez, sem que os companheiros nada possam fazer.
A tolda, que já chegara a comportar quatro náufragos, segue agora apenas com o piloto e o terceiro maquinista do Araraquara. Milton e Erothildes distinguem, ao longe, uma luz que parece ser a cidade de Aracaju. Os dois lamentam a perda dos dois companheiros, mas, por sorte, o mar parece estar levando-os justamente para a costa."

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O drama do Baependy


Navio Baependy, torpedeado na noite de 15 de agosto de 1942
"São 19h12min, e o Baependy segue para o norte a todo vapor. Os médicos Zamir de Oliveira e Viterbo Storry, recém-nomeados para o Serviço Nacional da Peste, em Pernambuco, conversam com os passageiros Paulo Cezar de Paiva e Renato de Amorim Garcia. O quarteto, que acabou de jantar de graça, em uma cortesia do imediato Antônio Diogo de Queiroz, assiste agora à apresentação do trio de músicos, que executa Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Zamir observa atentamente e elogia a performance do baterista Higino Severino Pessoa.
Após refazer os cálculos, o comandante do U-507 ordena o uso do torpedo do tubo 1. De passagem, após jantar no salão, o comandante do Baependy, João Soares da Silva, cumprimenta o chefe de máquinas Adolfo Kern e um funcionário do Lloyd Brasileiro, que conversam do lado de fora da sala de música, no tombadilho. Segundos depois, um estrondo sacode a embarcação. Madeiras e vidros estraçalham-se de uma só vez. Estilhaços voam para todos os lados, atingindo rostos, braços e pernas de quem está pela frente. De forma abrupta, as máquinas param de funcionar. No convés, o clima festivo se esvai em um segundo. No porão, as camas-beliches desmantelam-se e amontoam-se umas sobre as outras. Em segundos, os soldados e os demais passageiros já estão com a água pela cintura. Imóveis, todos tentam entender o que aconteceu. Surpreso, imaginando algum problema grave na casa de máquinas, o comandante volta-se para Adolfo:
– Chefe, o que foi isso?
– Fomos torpedeados. Fora de dúvida, isso foi um torpedo – responde o primeiro maquinista, convicto em função do cheiro de pólvora no ar. – Mande arriar as baleeiras!
O capitão do Exército Lauro Moutinho dos Reis, que também fará parte do Grupo de Artilharia de Dorso, é um dos primeiros a imaginar a possibilidade de o navio ter sido atacado por um submarino. Parado no vestíbulo, local para onde confluem as escadas do deque superior e dos camarotes, no andar de baixo, ele apanha o salva-vidas e sai correndo para tentar se salvar. Por ali, mulheres e crianças, ainda atônitas e inertes, esperam por alguém que lhes diga o que fazer. Outras pessoas correm desesperadamente, sem saber aonde ir. A água invade as caldeiras. O Baependy começa a adernar. Em poucos segundos, só é possível locomover-se agarrado às paredes do navio."
(TRECHO DO LIVRO "U-507")


 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A misteriosa premonição


Navio Itagiba, no qual viajariam Tito, Noêmia e a filha Vera Beatriz
"Apesar do clima de despedida, todos estão sorridentes – até mesmo os que choram. Menos Noêmia. Ela e Tito conheceram-se há menos de dez anos, quando ele esteve servindo por alguns meses em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul. Bonita e com um grande magnetismo, a gaúcha conquistou o coração do jovem oficial, que decidiu apostar no relacionamento, apesar da personalidade difícil da guria. Noêmia, em contrapartida, sentiu-se atraída por aquele forasteiro de jeito sério e, ao mesmo tempo, tão atencioso e gentil. Os dois sabiam que o casamento tinha tudo para dar certo. Ela, uma pianista talentosa e dedicada. Ele, fã ardoroso de música clássica, que chega a se zangar quando qualquer barulho atrapalha suas audições. Agora, é justamente o casamento que afasta Noêmia de casa por mais alguns milhares de quilômetros – sempre em função das mudanças de guarnição de Tito do Canto.
Todavia, não é isso que a incomoda. Um sonho enigmático que teve há alguns dias quase a fez desmaiar ao ver o armazém do porto. Suas pernas ainda estão trêmulas. Noêmia enxergara um navio negro, com um número 13, no qual todos os passageiros e tripulantes vestiam roupas pretas, dos pés à cabeça. Ao guardar seus pertences no camarote B, cedido pelo comandante José Ricardo Nunes em uma gentileza a Tito, ela volta a se assustar: olhando bem, aquele B se parece muito com um 13 – com os lados unidos. O dia é 13 de agosto, e o Itagiba parte justamente do armazém 13, às 13 horas.
– Minha Nossa Senhora Medianeira!
Um calafrio lhe corre pela espinha."

(TRECHO DO LIVRO "U-507")

O impiedoso Harro Schacht



"Harro Schacht é o legítimo ariano, como nos melhores sonhos de raça pura do führer. Louro, olhos claros, pele branca e lisa como seda, cabelo fino e repartido como o de Hitler, Schacht já se mostrou destemido, dedicado e impiedoso em ação, o típico oficial disposto a qualquer coisa pelo Terceiro Reich. Em sua mesa no comando das operações navais, em Berlim, Karl Dönitz sabe que a tarefa que acaba de transmitir – aniquilar qualquer coisa que se mova nas águas territoriais brasileiras – está em boas mãos.
Decidido e abnegado, o capitão de corveta sabe ser implacável quando a situação assim o exige. Suas feições frequentemente rudes e seu olhar severo lembram o líder supremo nazista, transparecendo uma força de comando e persuasão quase hipnótica sobre os marujos – exatamente como o führer. Na batalha, Karl Dönitz projeta em Harro Schacht um soldado insensível, quase desumano. Na guerra, é preciso haver homens desse tipo."
(TRECHO DO LIVRO "U-507")

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Palestra em Porto Velho

No dia 8 de março, às 20h, o autor do livro U-507 - O submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra Mundial, o jornalista Marcelo Monteiro, dará palestra no auditório da OAB/PVH, em Porto Velho (RO). A atividade marcará a aula inaugural do curso de pós-graduação em Jornalismo, Comunicação Empresarial e Assessoria de Imprensa da Faculdade Santo André (www.multiron.org.br). Informações podem ser obtidas com João Paulo Barroso, pelo fone (69) 8482-3910 ou pelo e-mail posjornalismopvh@gmail.com.