terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A misteriosa premonição


Navio Itagiba, no qual viajariam Tito, Noêmia e a filha Vera Beatriz
"Apesar do clima de despedida, todos estão sorridentes – até mesmo os que choram. Menos Noêmia. Ela e Tito conheceram-se há menos de dez anos, quando ele esteve servindo por alguns meses em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul. Bonita e com um grande magnetismo, a gaúcha conquistou o coração do jovem oficial, que decidiu apostar no relacionamento, apesar da personalidade difícil da guria. Noêmia, em contrapartida, sentiu-se atraída por aquele forasteiro de jeito sério e, ao mesmo tempo, tão atencioso e gentil. Os dois sabiam que o casamento tinha tudo para dar certo. Ela, uma pianista talentosa e dedicada. Ele, fã ardoroso de música clássica, que chega a se zangar quando qualquer barulho atrapalha suas audições. Agora, é justamente o casamento que afasta Noêmia de casa por mais alguns milhares de quilômetros – sempre em função das mudanças de guarnição de Tito do Canto.
Todavia, não é isso que a incomoda. Um sonho enigmático que teve há alguns dias quase a fez desmaiar ao ver o armazém do porto. Suas pernas ainda estão trêmulas. Noêmia enxergara um navio negro, com um número 13, no qual todos os passageiros e tripulantes vestiam roupas pretas, dos pés à cabeça. Ao guardar seus pertences no camarote B, cedido pelo comandante José Ricardo Nunes em uma gentileza a Tito, ela volta a se assustar: olhando bem, aquele B se parece muito com um 13 – com os lados unidos. O dia é 13 de agosto, e o Itagiba parte justamente do armazém 13, às 13 horas.
– Minha Nossa Senhora Medianeira!
Um calafrio lhe corre pela espinha."

(TRECHO DO LIVRO "U-507")

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